Primeira vez em Portugal exposição dedicada ao esmalte artístico

Até 31 de outubro é possível ver cerca de 150 peças produzidas entre os séculos XII e XIX, sobretudo nas oficinas da região de Limoges, reconhecidas como as de maior prestígio, no Museu Nacional Soares dos Reis.

 

Museu Nacional Soares dos Reis inaugura a 29 de julho a exposição AZUL E OURO – ESMALTES EM PORTUGAL DA ÉPOCA MEDIEVAL À ÉPOCA MODERNA, dedicada em exclusivo e pela primeira vez em Portugal ao esmalte artístico. A exposição uma das peças «fundadoras» da coleção do Museu, uma série de 26 placas de esmalte artístico pintado no século XVI, proveniente do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, para reunir e confrontar de forma inédita várias técnicas de esmalte artístico aplicadas num conjunto sumptuoso de objetos litúrgicos, devocionais e de aparato.

Foto: Divulgação

As peças que serão expostas foram produzidas entre os séculos XII e XIX, sobretudo nas oficinas da região de Limoges, reconhecidas como as de maior prestígio. São diversas as representações desta singular e exigente técnica de ornamentação como é o esmalte artístico. A mostra trará ao Porto vários tesouros nacionais, entre os quais o tríptico da Paixão de Cristo do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, uma das peças em esmalte existentes no nosso país com maior reconhecimento internacional.

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A exposição AZUL E OURO inclui, igualmente, outras peças de grande prestígio como dois cofres da Sé de Viseu, peças do século XII cobiçadas pelo mercado ilícito de antiguidades, roubadas em 1980 e encontradas anos mais tarde em Milão numa ação conjunta da Polícia Judiciária e da Interpol, ou uma placa de encadernação de finais do século XII, princípios do século XIII, encontrada acidentalmente numa escavação entre Leiria e o Mosteiro da Batalha.

A última secção da exposição é dedicada aos revivalismos, às réplicas e à contrafação que se produziram em ampla escala por toda a Europa, ao longo dos séculos XIX e XX, encantando e ludibriando o olhar dos conservadores de museus e colecionadores privados na Europa e nos Estados Unidos.

Foto: Divulgação

Saiba mais

A exposição AZUL E OURO, que ficará patente até 31 de outubro, é resultado de um estudo efetuado por Ana Paula Machado, gestora de coleção do Museu Nacional Soares dos Reis, sobre a história do esmalte em Portugal e do espólio que se conserva nas coleções portuguesas e na diáspora, aqui representado com objetos de coleções públicas e privadas. A pesquisa realizada permitiu dissipar dúvidas sobre a autenticidade das peças e foi decisiva para a introdução da série de 26 peças com cenas da Paixão de Cristo, e de muitas outras peças das coleções portuguesas, numa rede internacional de investigação multidisciplinar sobre o vidro e o esmalte.

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Pretende-se, ainda, através do catálogo que acompanha a exposição AZUL E OURO fazer memória de carismáticas coleções portuguesas de esmaltes,  como a coleção de D. Fernando II, a coleção Palmela e a coleção do Conde Daupias,  hoje dispersas por museus como o Metropolitan de Nova Iorque, o Victoria & Albert, em Londres, a Grune Gewölbe, em Dresden, ou o Petit Palais, em Paris.

O Museu Nacional de Soares dos Reis abre as portas desta mostra ao público em geral na noite de 29 de julho, das 20h00 às 22h00, e de terça a domingo das 10h00 às 18h00, até ao dia 31 de outubro.

 

 

O Museu

O MNSR é o primeiro museu público de arte do país, tendo sido fundado em 1833 sob a égide de D. Pedro IV. No âmbito das reformas institucionais da República, em 1911, é renomeado Museu Soares dos Reis, evocativo do primeiro pensionista do Estado em escultura pela Academia Portuense de Belas Artes: António Soares dos Reis, o célebre autor do Desterrado. Já em 1932, e na senda das comemorações do centenário, adquire  o estatuto de Museu Nacional. De momento, apresenta uma programação com exposições temporárias e está em curso a revisão da exposição de longa duração, que abrirá ao público no final do ano.