Coube a Galeria Simões de Assis, Curitba (PR) e São Paulo, Jardins (SP), cumprir com profundo pesar a dolorosa comunicação do falecimento de seu grande artista representado: o curador, gestor cultural e colecionador Emanoel Araújo. Em seus mais de 60 anos de produção, na liderança de importantes instituições e museus, ou no incansável trabalho de descobrir, colecionar e preservar obras e memórias fundamentais para a cultura brasileira, Emanoel Araújo nos deixa um legado imensurável.
Breve biografia
Natural de Santo Amaro da Purificação (1940-Bahia -São Paulo, 2022), iniciou-se ainda criança no ateliê de Eufrásio Vargas. Mais tarde, mudou-se para Salvador e cursou a Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, onde estudou gravura com o mestre Henrique Oswald. Em 1977, participou do II Festac, festival internacional realizado em Lagos, na Nigéria, onde se reuniram artistas africanos e da diáspora para celebrar a cultura negra. É quando Emanoel Araújo pode identificar a raiz de seu pensamento abstrato e de seu interesse pelas manifestações simbólicas na arte. A partir de então, sua produção ganhou contornos tridimensionais, materializada principalmente em relevos geométricos de ângulos agudos e volumes que exploravam cheios e vazios, sombra e cor. No início da década de 1980, atuou como diretor do Museu de Arte da Bahia e, em 1988, foi convidado a lecionar na The City University of New York, onde conheceu importantes artistas e pensadores estadunidenses. No início da década de 1990, assumiu a direção da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e foi figura crucial na reestruturação do museu, liderando a iniciativa de reforma do prédio que contou com projeto de Paulo Mendes da Rocha. Também organizou algumas das mais relevantes mostras da instituição, como a de Rodin e a de Niki de Saint Phalle. Deixou a Pinacoteca em 2002 e, em 2004, fundou o Museu Afro Brasil, em São Paulo, que dirigiu até a sua morte. O Museu Afro, como é carinhosamente conhecido, tem um acervo de mais de 8 mil peças, sendo grande parte advinda da coleção pessoal de Emanoel Araújo, resultado de décadas de pesquisa incessante, foi também um figura essencial na difusão de artistas negras e negros no Brasil. Emanoel Araújo deixou uma obra pessoal incomparável, além de um patrimônio público de valor inestimável, um artista essencial da História da Arte Contemporânea no Brasil.