O Museu Nacional Soares dos Reis inaugura, no próximo dia 22 março, pelas 18 horas, a exposição temporária A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia, contando com a presença do Conselho de Administração da Museus e Monumentos de Portugal, EPE.
A mostra estará patente até 23 de junho de 2024 e tem o apoio mecenático da AOF-Augusto Oliveira Ferreira e Lusitânia Seguros, bem como o apoio do Círculo Dr. José de Figueiredo – Amigos do Museu Nacional Soares dos Reis.
Comissariada por José da Costa Reis, nesta exposição aborda-se o tema das faianças ‘azul de safra’, assim denominadas devido à tonalidade da cor do seu vidrado, produzidas na Fábrica de Louça de Miragaia, no Porto, e datáveis do período compreendido entre 1775 e 1822.
A organização museológica da exposição promove a relação desta coleção com outras coleções do Museu Nacional Soares dos Reis, anteriores ao moderno conceito de design, valorizando a sua contextualização e interpretação com aproximações à história e às artes plásticas europeias, nomeadamente Pintura, Desenho e Gravura.
A exposição e respetivo roteiro pretendem reforçar a visibilidade e o conhecimento da coleção de cerâmica do Museu Nacional Soares dos Reis, um dos mais importantes acervos cerâmicos à guarda dos museus nacionais portugueses, estabelecendo a relação das influências da cultura inglesa na produção da Fábrica de Miragaia.
António Ponte, Diretor do Museu Nacional Soares dos Reis, salienta que a exposição permite “o estabelecimento de um diálogo, programático e museográfico, entre as faianças azul de safra com outros objetos coevos da coleção do Museu Nacional Soares dos Reis, transmitindo-se a ideia de transversalidade nas artes decorativas e nas artes plásticas portuguesas desta época”, o que resulta de “uma vontade de pensar as coleções para além das suas fronteiras e de acordo com as aspirações e necessidades do visitante contemporâneo”.
No conjunto das diferentes proveniências, o acervo de cerâmica do Museu inclui, atualmente, cerca de 4.000 peças de distintas tipologias: azulejaria, cerâmica de autor, núcleos de faiança portuguesa e espanhola (séculos XVI a XX), de porcelana chinesa e japonesa (séculos XVI a XX), de porcelana europeia (séculos XIX e XX) e de faiança holandesa de Delft (séculos XVII e XVIII).
Breve história da Fábrica de Louça de Miragaia na cidade do Porto
No contexto das reformas da indústria portuguesa promovidas pelo ministro Marquês de Pombal, a Fábrica de Louça de Miragaia foi fundada por um comerciante minhoto enriquecido no Brasil, João Rocha (1720-1799), em Miragaia (Porto), em 1775. Teve como sócio fundador seu sobrinho João Bento da Rocha.
O objetivo dos empresários era “manufacturar toda a qualidade de peças da dita loiça á maneira da que vem de Paizes Estrangeiros”, especialmente da China e da Europa.
Em 1814, já depois dos prejuízos sofridos com as Invasões Francesas, a Fábrica de Louça de Miragaia era a maior da cidade do Porto no ramo da cerâmica, com 27 trabalhadores, entre os quais existiam numerosos laços familiares, facilitando a transmissão de saberes técnicos e artísticos.
No final da década de 1820, sob a concorrência de anos da loiça importada de Inglaterra, iniciou-se a produção de peças semelhantes em forma e/ou decoração às inglesas, que são apresentados alguns exemplares na exposição A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia. Na década de 1850, após problemas financeiros, a fábrica encerrou, completando cerca de 80 anos de atividade, mantendo-se até hoje como um símbolo da qualidade da faiança produzida entre o Porto e Gaia.
O Museu Nacional Soares dos Reis preserva uma coleção de cerca de 180 peças da Fábrica de Louça de Miragaia, resultante de diferentes incorporações.
Programa paralelo
CICLO DE SESSÕES COMENTADAS
Dia 27 março, 18h00
– ‘Uma pintura da foz do rio Douro observada da Torre da Marca’, por Joel Cleto, Arqueólogo, historiador e divulgador do Património
Dia 18 abril, 18h00
– ‘E tudo os fumos levaram: o horizonte urbano industrial da cidade do Porto através da Fotografia.’, por Nuno Resende, Historiador e Professor no Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Dia 16 maio, 18h00
– ‘Jean Pillement (Lyon 1828-1808) e a Pintura do Porto no tempo dos Almadas’, por Paula Santos Triães, Conservadora no Museu Nacional Soares dos Reis, mestre em Museologia e Património, doutorada em História da Arte
Dia 6 junho, 18h00
– Programa Olhares Cruzados, com Paula Oliveira, gestora das coleções de gravura e de mobiliário do MNSR, e o comissário da exposição, José da Costa Reis
Dia 20 junho, 18h00
– ‘Artes Decorativas em Portugal entre os finais do século XVIII e início do século XIX’, por Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, Professor catedrático da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa
VISITAS ORIENTADAS por José da Costa Reis, Comissário da exposição
Dias 11 abril, 9 e 23 maio, 15h00
OFICINAS PARA FAMÍLIAS
Dia 28 abril, 15h00 | 20 Euros (com material incluído)
– ‘Azul de Safra. Ao domingo pintamos flores azuis no jardim do Museu’, orientada por Joana Padilha, pintora e ilustradora
Dias 5 maio, 9 e 23 junho, 10h30 | 30 Euros (com material incluído)
– ‘Azul de Safra: Cria o teu block print e estampa o teu desenho!’, orientada por Isabel Machado Guimarães, designer têxtil e artista plástica