HABEMUS ARTEM – Cláudia Ferro

Exposição virtual de Cláudia Ferro traz reflexões sobre a mulher e suas amarras sociais e pessoais.

São vinte obras da artista portuguesa que ficarão patentes até 30 de dezembro de 2020.

O tema desta coleção de trabalhos foca não apenas a questão da ilicitude do comportamento masculino violento e as suas sequelas na vítima mulher, sejam elas físicas, psicológicas, sociais e/ou legais. Pretende apreender e revelar como esse Corpo de Mulher, enquanto identidade pessoal, lida, reage e se reorganiza perante um ato agressivo que lhe é dirigido. O Corpo aqui surge despojado da dualidade cartesiana, é abordado enquanto fragmentos, representações e vivências. Surge como sujeito e simultaneamente objeto relacional, está sempre a comunicar, interna e externamente, é reflexão, experiência e projeção.

O Corpo da Mulher é desenhado a carvão sobre papel, possuindo diversos matizes pretos e cinzentos, num esbater de cor que pretende projetar através da forma e dos seus matizes a identidade feminina em contextos de desprazer, fragilidade, insegurança e dor, mas que não conseguem destruir essa mesma identidade ou retirar-lhe a beleza e dignidade (pontuadas pela cor vermelha).

Sobre a Artista

Sou licenciada em Psicologia Clínica pela Universidade de Coimbra, e tenho com formação profissional e experiência na área da Psicologia Clínica e Forense. 

A minha prática artística é como autodidata, utilizando maioritariamente tinta acrílica, sobre tela ou sobre papel. Algumas obras mais recentes desenvolvidas são em carvão sobre papel. O meu trabalho assume uma perspetiva de busca/procura do Belo através da representação do corpo, enquanto elemento expressivo e repositório de significados, vivências, prazeres, afetos, memórias.

As obras são dominadas por figuras femininas de grandes olhos que simultaneamente questionam e observam, que refletem o que está dentro e o que se encontra fora. O masculino tem surgido como elemento ligado ao feminino, a sua presença representa o “relacional”, a partilha de emoções e afetos, numa perspetiva de amor, paixão, deleite, complementariedade e cumplicidade.

Uso sobretudo cores fortes, o vermelho, o preto, o alaranjado, que evocam vida, afeto, paixão e sensualidade. Os novos trabalhos em carvão sobre papel mantêm a temática do corpo da mulher, extremamente ligado à sua alma, ao seu mundo emocional, afetivo e relacional. É uma linha mais introspectiva, com maior sutileza, e que versa sobre o sofrimento afetivo, a partilha afetiva gratificante e o “empoderamento” feminino em busca do seu bem-estar emocional e do respeito pelo seu corpo e dignidade.

Com o meu trabalho pretendo atingir um grau de poesia visual, recriada pelo observador.

Cláudia Ferro