HABEMUS ARTEM – Visões do Movimento

A imagem é uma criação ótica que codifica o que estamos vendo. O movimento é um elemento difícil de captar com imagens estáticas, mas nas mãos de artistas como Cláudio Cardoso e Daniel Ferreira de Souza isso se faz presente e nos leva a navegar pelos momentos por eles eternizados em magníficas imagens.

Na exposição Visões do Movimento, mostra virtual do âmbito do projeto Habemus Artem, Cláudio Cardoso e Daniel Ferreira de Souza nos oferecem 20 obras entre fotografias e art/photo digital que se unificam no quesito movimento. Com 10 trabalhos de cada um dos artistas, a exposição Visões do Movimento é uma oportunidade de conhecer as obras destes dois profissionais do universo das artes que nos presenteiam com uma exposição de grande qualidade.

Exposição Visões do Movimento


Sobre os artistas:

Cláudio Cardoso

Nascido no Rio de Janeiro, Claudio Cardoso trabalhou muitos anos na área financeira, e sempre foi um grande apreciador das artes, principalmente da pintura e da fotografia. Em 2009, mudou-se para NYC para acompanhar a cirurgia e recuperação da filha, Maria Luiza, que gostava muito de pintar. Para dar suporte à filha, Cláudio dá os primeiros passos na pintura e logo a admiração pelas artes se desenvolve em paixão a tempo inteiro.

​Em 2012 inicia aulas práticas de técnicas de pintura com o Artista Plástico e Professor Luiz Badia no Atelier Baluarte, onde possui e faz questão de preservar um espaço para trabalhar e estar junto dos amigos que ali se mantêm até hoje, sempre fazendo arte. Neste contexto desenvolve junto com outros alunos e artistas do atelier suas inspirações e composições sempre com o suporte e atenção do seu professor.​

Em 2014 inicia um curso na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, com o grande colorista, amigo e professor José Maria Dias da Cruz e define como as suas principais referências, os pintores Gerhard Richter e Jackson Pollock. Na sequência do tempo como aluno no Parque Lage e da sua evolução como artista, Cláudio faz o seu debut expondo as suas telas em importantes galerias e eventos de arte nos Estados Unidos, tais como: Latin American Art Fair (2014), Miami Art Fair – Art Basel (2014) e o Creative Mischief Exhibition – National Academy Museum & School em NYC (2015/ 2016).

Após a bem-sucedida entrada no mundo das artes como artista, Cláudio decide aprimorar os seus conhecimentos com o Diretor da National Academy Museum & School NYC, Maurizio Pellegrin, a quem considera o seu mestre. Na ausência de um estúdio em NYC onde pudesse trabalhar e criar as suas telas, Claudio Cardoso toma posse do caos cosmopolita das ruas de Manhattan e começa a dedicar-se à sua outra paixão, a fotografia. É então, a partir daqui, que o artista começa a transpor para a sua fotografia as técnicas de squeeze de Richter, que tanto o influenciaram como pintor.

A busca por efeitos semelhantes na fotografia dá-se usando a câmera em baixa velocidade, aproveitando-se dos resíduos deixados na fotografia para provocar um efeito de movimento na obra. Desde então, a sua linha de trabalho passa por explorar a imaginação do espectador, criando vida num objeto inanimado e estático, como a fotografia. O objetivo é despertar a sensibilidade e a imaginação de quem vê a fotografia e fazer com que cada pessoa tenha uma ideia de movimento diferente. Dessa experiência nas ruas de NYC, sai a primeira sequência de fotos intitulada “os ciclistas”, que marca para o artista o início da sua carreira como fotógrafo e o seu objeto de estudo e trabalho, a criação do movimento.

​Já em 2015, Cláudio vai para a Itália integrado no programa Academy Abroad, promovido pelo professor Maurizio Pellegrin, para prestigiar a Bienal de Arte de Veneza e participar numa semana em “Estúdio Intensivo de Criação” no Lago Como. Por consequência da experiência em Itália, o artista inicia em novembro de 2016 o Long Term Art Course na National Academy Museum & School – NYC com o Professor Pellegrin, onde começa a desenvolver o trabalho de intervenção nas imagens em “movimento”. A combinação dessas duas técnicas consolida-se com a obra The Corner (2,20x2m), exposta no 6th Creative Mischief Exhibition NYC em 2017.

​Em Portugal expõe pela primeira vez em 2018 na Galeria da Associação José Afonso, como o tema “Liberdade”, uma abordagem fotográfica à vida “natural” na cidade de Lisboa, exposição que permanece até ao final de Março de 2019.

Claudio Cardoso atualmente reside em Portugal e está a trabalhar com a sua equipa de produção e criação, no desenvolvimento de novas exposições, a última “Movimento”, foi exibida em Lisboa em Julho de 2019.


Daniel Ferreira de Souza

Daniel Ferreira de Souza nasceu no Rio de Janeiro – Brasil. Começou a desenhar em 1972 como autodidata. A partir do ano de 1977 frequentou academias de arte e conservatórios de música, passando a dedicar-se à pintura e à música. Durante a década de 70 participou de salões de arte e começou a expôs seus trabalhos comercialmente em galerias de arte. Em 1981 fez sua primeira viagem para Itália e durante esse ano frequentou, as aulas de desenho artístico na Academia de Artes de Brera em Milão e estudou as obras dos mestres da pintura do Renascimento Italiano nos museus de Milão, Roma e Florença. Retornou à Itália em 1987 e em 1990.

Nessas duas viagens foi para o sul da Itália onde teve contato com a pintura italiana do século XIX (Macchiaioli). Em sua etapa italiana incorporou à sua pintura as técnicas apreendidas das obras dos pintores dessa escola de arte. Em 1991 fez uma breve viagem à Espanha. Passou três meses em Madri e frequentou assiduamente o Museu do Prado onde realizou diversos estudos em desenho das obras de Velásquez e Rubens. Matriculou-se Círculo de Belas Artes onde praticou e aperfeiçoou sua técnica de modelo vivo. Em 1992 retornou a Madri e passou a viver na cidade pelos quatro anos seguintes. Em Madri aprimorou sua técnica de pintura realista e estudou mais profundamente os elementos estéticos das obras de Velásquez. Voltou para o Brasil no ano de 1997 e iniciou um período de grande produção e experimentações artísticas.

Em 2002 volta-se para o estudo dos recursos digitais. Em 2004 substitui os meios tradicionais da pintura adotando a fotografia digital como suporte para suas obras passando, posteriormente, a unir as duas linguagens em seus trabalhos.. Atualmente vive e trabalha na cidade do Rio de Janeiro. Sua formação artística inclui curso de desenho na Sociedade Brasileira de Belas Artes (Rio de Janeiro -1977/1979). Pintura na Escola Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro – 1979/1981). Curso de História da Arte no Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro – 1980) e prática de modelo vivo no Círculo de Belas Artes (Madri-Espanha – 1991/1994).

Daniel Ferreira de Souza por Roberto Soares-Gomes.

Como disse Win Wenders, fotografar “é uma ação em duas direções: para frente e para trás”.

Einstellung, palavra do vocabulário germânico, significa, segundo ele, tanto a atitude de sintonizar-se com alguma coisa, quanto (por ser um termo da fotografia e do cinema) o enquadramento de uma imagem e a regulagem da câmara ao se fazê-la. Assim, em uma só palavra, condensa-se o princípio de que “cada imagem tem nela refletida a atitude de quem a tirou”. O Artista Daniel Ferreira de Souza – aqui em sua mais sintonizada e reveladora concepção – vai mais além com suas poéticas imagens pois, além de corroborar com as assertivas de Wenders, deixa em suas obras transparente, de forma explícita, toda sua incrível experiência pessoal como dedicado estudioso das artes, pintor de reconhecimento artístico e técnica apurada insofismáveis, mérito consolidado pela vivência de muitos anos na Europa onde cultivou ester its relação com as Artes de Espanha e Itália.

As obras imagéticas de Daniel, elaboradas com técnicas fotográficas que as aproximam – e permitem refletir – os movimentos dos pintores com suas pinceladas sobre a tela (aqui por ele obtidas e replicadas numa profusão de “camadas”), artisticamente esculpidas, fotograma-a-fotograma, em gestos de sobreposições de grande ineditismo criativo e fina sensibilidade artística, nos permitem afirmar estarmos perante uma nova e agradável revelação: arte conceptiva marcante e extraordinária! O tempo irá confirmar estas palavras e confabularão para o reconhecimento deste grande artista que é Daniel Ferreira de Souza.

“Portrait in Motion”.

A forma de captação fotográfica que utilizo denominada “Fotografia Pictórica” é semelhante ao método para se compor uma pintura. Fotógrafo o modelo em várias etapas com leituras de diafragma, sensibilidade (iso) e velocidades diferentes para dessa forma obter uma série de imagens variadas do mesmo modelo. No processo de captação dessas imagens procuro desconstruir o máximo possível a imagem através de movimentos com a câmera, como se estivesse pincelando um quadro, conseguindo desta forma uma grande variedade de efeitos e ângulos. O resultado desses registros fotográficos é levado para um programa de edição onde começo um cuidadoso trabalho de reconstrução da imagem a partir da seleção das partes que mais interessam de cada registro fotográfico.

O trabalho de reconstrução da imagem é feito pacientemente através da sobreposição de camadas transparentes, como veladuras de uma pintura, podendo chegar a mais de cinquenta camadas sobrepostas para cada trabalho. Meu trabalho fotográfico consiste em transportar os procedimentos técnicos que aprendi ao longo dos anos dedicados à pintura para a linguagem da fotografia. Todos os efeitos estéticos do trabalho, como desfoque, grãos e texturas estão nas fotografias captadas com a modelo, não sendo utilizado nenhum recurso de plugns ou efeitos de programas digitais. As imagens são puro efeito fotográfico.


HABEMUS ARTEM – Visões do Movimento

Cláudio Cardoso – Daniel Ferreira de Souza

Patente:

De 13 de julho a 13 de setembro de 2021.

Aceda em:

www.arte351.pt

www.rrodynergallery.com

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