Vigilância e presente, dedicado a Julia Scher
Dedicado a Julia Scher: A vigilância é um processo de duplicar o olhar ou de tornar o olhado importante. Vigiar é fazer do vigiado uma coisa com significado. Um significado secreto, escondido, que importa investigar.
Vigiar é um ver que investiga; é um ver que castiga, se necessário.
Ninguém dirá: não mereço que me olhes tanto. Mas esta frase poderá ser dita: não suporto que me continues a olhar!
As televisões são caixas que guardam coisas olhadas. Caixas de vigilância pacífica. Podes vigiar sentado, descontraído; vigiar como quem vai adormecer.
Mas a televisão que não mostra imagens em directo não é uma caixa, mas um caixão de imagens: imagens em diferido são imagens mortas. Tudo o que já aconteceu não é perigoso, só o presente te pode assustar.
Gonçalo M. Tavares
Sobre Julia Scher
Inspirada pelo filósofo francês Michel Foucault e pelo sociólogo Gary T. Marx, a obra de Julia Scher enfoca os temas vigilância e ciberesfera. Visando a exposição de perigos e ideologias de sistemas de monitoramento, a Scher cria trabalhos temporários e transitórios de web / instalação / performance que exploram questões de poder, controle e sedução. Nos últimos 20 anos, sua pesquisa explorou a dinâmica do controle social no espaço público. Os projetos de arte assumiram a forma de instalações interativas, vigilância reformulada, tours de sites, intervenções, performances, fotografia, escrita, net.art, vídeo linear e som. Desde 1988, Scher produziu uma série de instalações chamadas Security by Julia. Estes assumiram diferentes formas, mas geralmente envolvem uma pessoa vestindo um uniforme de segurança e um convite ao observador para participar ativamente da cultura de vigilância. [6] Outras variações das instalações incluem vozes suaves e cobertores de bebê.
GONÇALO M. TAVARES escreve sobre Julia Scher em Dicionário de Artistas > textos sobre artistas contemporâneos nas plataformas digitais do Centro Cultural de Belém. Este é o episódio #45. Todas as quartas-feiras, o CCB disponibiliza um texto inédito de Gonçalo M. Tavares sobre artistas contemporâneos, com leitura de Ana Zanatti.
Para ler em www.ccb.pt e ouvir no spotify do CCB

