Neste sábado (26), a partir das 15h, o Centro Cultural de Belém – CCB promove o Dia Mundial da Poesia em volta de Herberto Helder. A entrada é livre.
O programa envolve diversas atividades como feira do livro, exposição bibliográfica e ilustrativa, leitura de poemas, oficinas e exibição de documentário.
Durante todo o evento, na Receção do Centro Cultural de Belém (Piso 1) haverá uma Feira do Livro com a presença de várias livrarias e editoras para encontrar aquele livro que há muito quer ler, a obra do seu poeta preferido ou as mais recentes edições do mercado.
No mesmo Piso 1 (Foyer da Sala Luís de Freitas Branco) estarão em exposição algumas das primeiras edições da obra de Herberto Helder. Esta exposição bibliográfica foi concebida em parceria com a Biblioteca Nacional Portuguesa. No Bengaleiro Norte, o espaço é aberto ao público para leitura dos seus poemas em voz alta. Estas leituras são filmadas e reproduzidas no monitor que se localizará na receção do CCB. O alinhamento é feito mediante inscrição do público no local.
Das 16h às 17h, há também conversa informal sobre a vida e obra de Herberto Helder, com a presença de Rosa Martelo, Luís Quintais e moderação de Vasco Santos, na Sala Luís de Freitas Branco.
Já no segundo Piso, na Sala Fernando Pessoa, acontece uma maratona de leitura, em parceria com o Plano Nacional de Leitura. Aqui os poemas vencedores do concurso Faça lá um Poema serão lidos e haverá entrega de prémios aos mesmos. Este momento será intercalado com a leitura de poemas de Herberto Helder por diferentes convidados. Nesta Maratona de Leitura terá ainda lugar o lançamento de Postais da República com os poemas vencedores.
A apresentação estará a cargo da atriz Ana Sofia Paiva. e os convidados são: Cláudia Jardim, JP Simões, Lígia Soares, Maria Sequeira Mendes, Miguel Loureiro, Paulo Pires, Paulo Pires do Vale, Rui Tavares, Sónia Balacó, Vera Mantero e Zia Soares.
No Foyer da Sala Sophia de Mello Breyner Andresen, ainda no Piso 2, a obra poética e literária de Herberto Helder é mote de exposição de ilustração de Mariana Viana, que interpretou livremente os textos do livro Os Passos em Volta através de desenhos de figuras de animais (alguns explícitos no texto), ou antropomórficas, como se de um Bestiário se tratasse. Esta exposição é composta por formas que viajam de lugar em lugar, metamorfoseando-se ao longo de um fio condutor que se renova e que evoca um novo lugar.
Durante uma hora, há oficina de ilustração e poesia. das 15h às 16h e 16h15 às 17h15, há poesia visual em família com as imagens das palavras do poeta. As ilustradoras Margarida Botelho e Mariana Viana acompanharão o processo e também por um livro ilustrado pela última.
As famílias (com crianças a partir dos 4 anos) serão convidadas a criar as suas máscaras ilustradas e na luz assistirão à transformação. Haverá veados, aranhas, polvos e dinossauros. Esta oficina resultará num encontro marcado entre os novos seres fantásticos e as palavras do poeta. Faz-se necessária inscrição prévia em (+351) 21 361 28 99 ou no próprio dia mediante vagas disponíveis e ordem de chegada.
Pelas 16h30, será exibido o documentário biográfico Meu Deus faz com que eu seja sempre um poeta obscuro, de António José de Almeida, sobre a obra de Herberto Helder. O documentário tem como base depoimentos de diversas personalidades, intercalados com a leitura de excertos de obras da sua autoria.

Herberto Helder
Herberto Helder de Oliveira nasceu em Funchal, São Pedro, dia 23 de novembro de 1930 e faleceu em Cascais, dia 23 de março de 2015. Foi um poeta português, considerado por alguns o “maior poeta português da segunda metade do século XX” e um dos mentores da Poesia Experimental Portuguesa.
Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tendo trabalhado em Lisboa como jornalista, bibliotecário, tradutor e apresentador de programas de rádio. Viajou por diversos países da Europa realizando trabalhos corriqueiros, sem nenhuma relação com a literatura e foi redactor da revista Notícia em Luanda, Angola, em 1971, onde sofreu um acidente grave. Também foi um dos colaboradores da efémera revista Pirâmide.
É considerado um dos mais originais poetas de língua portuguesa. Era uma figura misantropa, e em torno de si pairava uma atmosfera algo misteriosa uma vez que recusava homenagens, prémios ou condecorações e se negava a dar entrevistas ou a ser fotografado. Em 1994 foi o vencedor do Prémio Pessoa, que recusou. Teve, antes da Revolução dos Cravos, ficha na Polícia Internacional e de Defesa do Estado que o identifica numa biblioteca em Castro Verde como alguém com “características comunistas”.
A sua escrita começou por se situar no âmbito de um surrealismo tardio.
Em 1964 organizou com António Aragão o “1.º caderno antológico de Poesia Experimental” (Cadernos de Hoje, MONDAR editores), marco histórico da poesia portuguesa (ver: Poesia Experimental Portuguesa).
Escreveu entretanto “Os Passos em Volta”, um livro que, através de vários contos, sugere as viagens deambulatórias de uma personagem por entre cidades e quotidianos, colocando ao mesmo tempo incertezas acerca da identidade própria de cada ser humano; “Photomaton e Vox”, por sua vez, é uma coletânea de ensaios e textos e também de vários poemas.
“Poesia Toda” é o título de uma antologia pessoal dos seus livros de poesia que tem sido depurada ao longo dos anos. Na edição de 2004 foram retiradas da recolha suas traduções. Alguns dos seus livros desapareceram das mais recentes edições da Poesia Toda, rebatizada Ofício Cantante, nomeadamente Vocação Animal e Cobra.
A crítica literária aproxima sua linguagem poética do universo da Alquimia, da mística, da Mitologia edipiana e da imagem da Mãe.
Faleceu a 23 de março de 2015, vítima de ataque cardíaco, aos 84 anos, na sua casa em Cascais. Menos de dois meses após a sua morte, em Maio de 2015, foi publicado o último livro de originais do poeta, “Poemas canhotos”, que tinha terminado pouco antes de morrer.
Dia Mundial da Poesia, em volta de Herberto Helder
26 Março, das 15h às 18h,
Centro de congressos e reuniões – Centro Cultural de Belém (CCB)
Entrada livre

