Exposição sobre a história da exploração mineira em Portugal inaugurada esta quinta-feira

A instalação de vídeo e som, que estará patente até finais de julho, tem como ponto de partida a II Guerra Mundial – abordando a posição de Salazar, bem como o discurso paternalista e a iconografia propagandística do Estado Novo – e termina com o atual destino das minas. A entrada é gratuita.

 

No próximo dia 20 de junho, às 13h00, é inaugurada uma exposição sobre a exploração mineira em Portugal, desde a II Guerra Mundial até ao atual abandono das minas. Trata-se de uma instalação de vídeo e som criada pelo artista plástico e curador Paulo Mendes, especificamente para Aveiro 2024 – Capital Portuguesa da Cultura, e que poderá ser visitada no Teatro Aveirense, gratuitamente, até 31 de julho.

Para a exposição, Paulo Mendes teve como ponto de partida a década de 1940 em Portugal e a exploração mineira no país, com particular incidência no volfrâmio, um mineral utilizado para a produção de aço e outros materiais metálicos essenciais para a produção de armamento durante a II Guerra Mundial.

A instalação aborda também a posição diplomática de Salazar neste período – entre uma aparente neutralidade e a negociação de minérios com alemães e aliados –, bem como o discurso paternalista e a iconografia propagandística do Estado Novo, que celebravam o trabalho e a submissão a um regime ditatorial como virtudes sociais.

O título deste trabalho, “…depois de pulsar mais uma vez com os sentidos todos a terra em redondo”, apropria-se de uma frase do romance Volfrâmio, de Aquilino Ribeiro, publicado em 1943.

A mostra é ainda acompanhada de uma publicação em formato de jornal – numerada e assinada por Paulo Mendes –, que é dada aos visitantes como complemento da instalação. Nesta obra constam não só citações de autores como Jacques Rancière, Jonathan Crary e Émile Zola, entre outros, mas também imagens. Algumas destas fotografias provêm do jornal O Pejão, produzido na década de 1950 pela empresa Carbonífera do Douro, que administrava as Minas do Pejão, situadas no distrito de Aveiro.

 

 

Para mais informações sobre a programação de Aveiro 2024: https://www.aveiro2024.pt/pt/programa/

 

Sobre Paulo Mendes:

Artista plástico de formação, curador, editor e produtor de projetos culturais. Apresenta o seu trabalho individualmente e em coletivo desde o início da década de 90. O seu trabalho caracteriza-se pela contaminação entre as várias disciplinas numa abordagem crítica ao contexto político, económico e social contemporâneo.

Ao longo dos anos e enquanto artista plástico apresentou trabalhos no Museu de Serralves, Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), Museu do Neo-Realismo, Museu do Chiado, Galeria ZDB, Culturgest, Pavilhão Branco do Museu da Cidade, Galeria Reflexus / Nuno Centeno, Colégio das Artes, Centro Cultural Vila Flor (CCVF), Fundação Calouste Gulbenkian, Museu Berardo / CCB, Appleton Square, Museu da Electricidade / Fundação EDP / MAAT, entre muitos outros espaços nacionais e internacionais.

Enquanto curador concebeu inúmeros projetos curatoriais independentes, fundando dois espaços desses espaços na década de 1990, trabalhando também simultaneamente em projetos institucionais de grande escala para a Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, a Galeria Municipal do Porto, o Centro de Arte Oliva ou mais recentemente para o MAAT Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia e para as Galerias Municipais em Lisboa.

O seu trabalho artístico encontra-se representado em numerosas coleções públicas e privadas.

Ao longo de mais de trinta anos de trabalho, participou em aproximadamente trezentos projetos expositivos e performativos, tendo comissariado e produzido mais de oitenta exposições, independentes e institucionais, que marcaram o desenvolvimento do trabalho de uma nova geração de criadores e lhe proporcionaram um extenso conhecimento das práticas artísticas em Portugal.