A Kunsthalle Lissabon prepara-se para inaugurar, no dia 15 de janeiro de 2025, uma das exposições mais intrigantes do cenário artístico europeu deste ano: Ritmos y Poemas, a primeira mostra individual de Lou Vives. Sob a curadoria de João Mourão e Luís Silva, a exposição permanecerá aberta ao público até 5 de abril e promete ser um marco na forma como compreendemos memória, identidade e transitoriedade no mundo contemporâneo.
Nascido em Lisboa em 1999 e residente em Amesterdão, Lou Vives é um artista multidisciplinar que mistura performance, linguagem e artes visuais para explorar narrativas fragmentadas e a poética queer. Com apenas 25 anos, Vives já apresenta um currículo impressionante, com participações em instituições de renome como a Fundació Miró (Barcelona), o ICA London e a Galeria Zé dos Bois (Lisboa). Em Ritmos y Poemas, ele propõe uma experiência imersiva, onde as fronteiras entre som, imagem e performance se diluem, revelando um mosaico vibrante de memória e improvisação.
Entre Ritmo e Memória: A Exposição
No coração da exposição está a performance Ritmos y Poemas, concebida inicialmente como um poema à bateria apresentado no festival Voice as Landscape, em Amesterdão. Agora, transformada em instalação multimédia, a obra ressurge como uma cenografia viva, ativada durante a inauguração e em datas futuras. Vives transforma o espaço da Kunsthalle num arquivo dinâmico, onde batidas repetitivas e declamações fragmentadas evocam imagens surreais e metáforas que oscilam entre o absurdo e o sublime.
Além da performance, a exposição apresenta uma série de trabalhos visuais que expandem a narrativa poética de Vives. Entre eles, destaca-se Optimism of the Will (2025), um monumental desenho a carvão que combina elementos figurativos e abstratos para criar um mural de objetos personificados e memórias em fragmentos. Já The Drummer (2024) é uma série de litografias que reimagina capas fictícias da lendária revista Drummer, conectando a cultura gay dos anos 1970 com símbolos contemporâneos como cadeiras de gaming e ferramentas de construção.
Uma das peças mais pessoais é A minha voz antiga (2017), uma cassete com uma gravação acidental da “voz passada” do artista, transformada em um registro íntimo que ressoa com nostalgia e vulnerabilidade.
A Poética Queer e a Improvisação como Resistência
O que torna o trabalho de Lou Vives tão impactante é sua capacidade de transformar o efêmero em algo tangível. Através da repetição e da improvisação, ele cria obras que transcendem o tempo e o espaço, ao mesmo tempo que confrontam o espectador com questões urgentes sobre identidade e resiliência. Em suas palavras, “reconhecer que minha vida foi vivida por muitas pessoas” torna-se um ato de resistência poética, uma celebração da memória coletiva e da fluidez queer.
Ao ocupar a Kunsthalle Lissabon, Vives cria um espaço onde o ritmo – tanto no som quanto na vida – é simultaneamente um gesto de sobrevivência e uma meditação sobre o inevitável. É uma exposição que não apenas mostra obras, mas que convida o público a experimentar a arte como um fluxo contínuo de transformação.
Para Além da Exposição
Ritmos y Poemas é mais do que uma mostra artística; é um manifesto sobre como podemos habitar o mundo contemporâneo de forma mais plena e consciente. Para aqueles que buscam uma experiência profunda e envolvente, a Kunsthalle Lissabon oferece, de 16 de janeiro a 5 de abril, uma janela para o universo criativo de Lou Vives – um artista cujo trabalho já está redefinindo os limites da arte interdisciplinar.
Serviço:
- Inauguração: 15 de janeiro de 2025, às 18h.
- Visitação: De 16 de janeiro a 5 de abril de 2025.
- Local: Kunsthalle Lissabon – Lisboa – R. José Sobral Cid 9E
- Entrada: Gratuita.