O Museo Nacional del Prado abre as portas à mais ambiciosa retrospectiva de Anton Raphael Mengs (1728-1779), com cerca de 150 obras que traçam o arco de um dos pilares do Neoclassicismo europeu. Patrocinada exclusivamente pela Fundación BBVA, a exposição reúne empréstimos espanhóis e internacionais de alto calibre, com núcleo em peças do Prado e do Patrimonio Nacional Espanhol, incluindo desenhos preparatórios, pastéis raros e o afresco Júpiter e Ganimedes (Gallerie Nazionali d’Arte Antica Barberini Corsini, Roma).
Pintor alemão nascido em Aussig (atual Ústí nad Labem, República Tcheca), Mengs formou-se sob o pai, Anton, e viajou cedo pela Itália, absorvendo Rafael e Correggio. Instalado em Dresden e Roma, tornou-se retratista de papas e reis, fundindo idealismo renascentista com anatomia barroca. Sua Apoteose de Trajano no teto do Vatican e retratos como o de Charles III definem sua herança: precisão técnica, equilíbrio clássico e uma luz que antecipa o século XIX, influenciando David e Ingres.
Aqui, aguás-fortes, pastéis, desenhos, óleos e o afresco Júpiter e Ganimedes dialogam com esculturas, medalhas e manuscritos. Sob curadoria de Andrés Úbeda (Prado) e Javier Jordán de Urríes (Patrimonio Nacional), o foco é nos mestres que moldaram Mengs – Rafael, Correggio, Batoni – e em sua visão holística, da teoria (Gedanken über die Schönheit, 1762) à prática.
Nas Salas A e B do Edifício Jerónimos, uma imersão cronológica revela o artista como teórico e inovador, longe do estereótipo de “epígono de Rafael”.
