São Paulo, Hensinkia, Nova York, Bogotá, Lisboa, Tiradentes, Los Angeles, Londres, Colorado, Ioannina, Antiparos, Santiago de Cali, Budapeste, Arles…. o ponto em comum em todas estas cidades é a presença da talentosa e promissora fotógrafa brasileira, Letícia Zica, que está de volta a Lisboa, numa exposição individual in A Pequena Galeria.
Sem margem para dúvidas, a trajectoria desta artista impressiona a todos, pois do alto dos seus 23 anos já percorreu os eixos principais da fotografia (Paris, Nova York, Londres e São Paulo). Contudo, esta jovem artista impressiona-me e, no mesmo comprimento de onda, confunde-me.
Basta olhar para os seus trabalhos (quer na exposição em Lisboa, quer na sua página na rede) e o que salta à vista é a maturidade da sua linguagem. Sem dúvida, Letícia está muito além de sua idade … há pessoas assim, que já nascem velhas. O que poderemos esperar desta velha senhora daqui a dez anos?
No lado contrário desta boa surpresa, a estranheza instala-se na minha sensibilidade enquanto “leitor” e amante da Fotografia: as imagens de Letícia são demasiado maduras; o oposto ao frescor, à irreverência que devem estar presentes em todos os momentos na vida de qualquer artista mas, sobretudo, na sua juventude. O que poderemos esperar, então, desta jovem daqui a dez anos?
Quando leio as suas imagens, de coração aberto, não consigo ver o novo, mas algo com um algo de já visto, muito embora nos seus trabalhos residam uma linguagem muito bem estudada, envolta numa iluminação precisa e num claro apelo ao sensorial. Esta Persona (autorretratos ou máscaras de Letícia Zica) se me acrescenta, por um lado, me subtrai, por outro… e por isso surpresa e estranheza se anulam.
Contudo, ao final da minha presença na exposição, conheci Letícia Zica e através do seu sorriso franco (ainda não contaminado pelo passar dos anos) percebi que, afinal, a balança pendia mais, para um dos lados: ganhou a juventude.