De Olhos Bem Fechados, Stanley Kubrik: crítica do filme, por Kamy Martins
O filme parte de uma situação de infidelidade ( a nível de pensamento e a nível físico ) num casal e entra no mundo do « mal » que se atribui ao Diabo.
Os dois elementos do casal não parecem importar-se ao ponto de haver uma separação. Tal só se compreende se pensarmos em « pactos com o Diabo », isto é, se virmos os protagonistas principais ( Alice e Bill ) como pessoas que entraram no mundo do mal e nunca mais vão sair.
Aproveitando-se desta situação KUBRICK explora o nosso imaginário ao máximo e constrói as melhores cenas eróticas do mundo do Cinema.
O actor TOM CRUISE parece mais um « bombeiro a socorrer situações » do que um médico, faz o seu papel « a medo » o que lhe retira o brilhantismo, ao contrário da actriz NICOLE KIDMAN que « pisa forte » nesta representação e tem, neste filme, um dos seus melhores trabalhos cinematográficos de sempre ( KIDMAN recebeu o Óscar de Melhor Actriz no filme THE HOURS ( AS HORAS ) de STEPHEN DALDRY em 2003, outro dos seus grandes trabalhos na representação, completamente diferente deste ).
DE OLHOS BEM FECHADOS ( EYES WIDE SHUT ) possui uma boa conexão entre as personagens que se interligam com pontos em comum e é uma Obra-Prima do EROTISMO no cinema ( leia-se o livro de ALBERONI, EROTISMO, Bertrand Editora, 1988, com as devidas restrições ), uma incursão nos meandros do amor físico e do acto sexual, uma das melhores abordagens do Cinema à figura de SATANÁS ( associada à componente erótica da vida ).
Um filme com um realizador de excelência, um argumento muito bom, uma banda sonora de excelência e uma excelente actriz, KIDMAN.
Um marco na História do Cinema.










Coluna – Kamy Martins
Kamy Martins, portuguesa, Lobito, Benguela, Angola, 1968. Graduada em Matemática com formação em Fotografia e Cinema na Universidade de Coimbra (PT), Mestre em Lingua Inglesa pela universidade de Cambridge (UK), jornalista e Crítica de Cinema, escreveu para o Jornal “IMPROP” da Associação dos Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, entre outros. Publicou em 2016 o livro de fotografia intitulado “Cascais Pela Lente de Kamy” onde apresenta um pouco do seu trabalho como fotógrafa e artista.