Conheci DOMINGOS DE OLIVEIRA na minha adolescência.
Sua cobertura no Bairro Peixoto era um point de jovens artistas, poetas, beatniks e desgarrados de todas as tendências políticas que reuniam-se na casa de um jovem desquitado e que tinha um apartamento próprio – coisa rara naquela turma. Ele era o mais velho e promovia um Natal disputado. Faziam parte dessa fauna Joaquim Assis, Claudio Macdowell, Luiz Bené, Ivan de Albuquerque, Ginaldo de Souza, Ionita Salles, Maria Gladys, e outras moçoilas que mais tarde despontariam no cenário artístico e cultural da cidade.
Eu e Leila Diniz frequentávamos eventualmente suas festas, as apresentações caseiras de seu espetáculo. Somos todos do jardim da Infância, e foi num desses natais que Leila foi ficando por ali e os dois se casaram. Dois anos depois, com o fim do relacionamento, e ela já tendo estreado no teatro infantil, também numa peça ao lado de Cacilda Becker e como corista num show da famosa boate Fred’s, e na intenção de reatamento, Domingos realizou um dos maiores sucessos do cinema brasileiro – Todas as mulheres do mundo, com Leila protagonizando e alavancando sua carreira definitivamente, rumo ao sucesso das telenovelas e dos filmes. Mas o casamento acabou mesmo.

Já um profissional de cinema, trabalhei por algumas semanas no seu filme É Simonal, como Assistente de Direção – que abandonei por não me sentir à vontade naquele tipo de empreitada meramente comercial, eu oriundo dos filmes de Nelson Pereira dos Santos. Mas fui dos poucos que aplaudiu, nos anos 70, o seu filme mais autoral e o que mais gosto, A culpa – pouco citado na sua longa trajetória como cineasta de muitos e premiados filmes.
Muitas vezes divergimos publicamente sobre a condução da política cinematográfica, as formas de Produção dos filmes, e a maneira de conduzirmos nossas reivindicações. Polemizamos através da Imprensa. Mas sempre sem perder a ternura – uma de suas maiores características.
Sempre afetuoso, encontramo-nos muitas e muitas vezes, nas estreias , nos festivais – como na Feira do Livro de Ribeirão Preto, onde participamos de uma mesa sobre Cinema & Literatura , ao lado de Tizuka Yamasaki e Beto Brant, no lindo Teatro Municipal.
A última vez que estivemos juntos, na pré estreia do curta do amigo em comum André Mattos, celebramos nossa amizade de tantos anos de vida registrada pelas câmeras dos repórteres e amigos.
Adeus, Dimanche ( como o chamava Leila) !
Parte da história do teatro e do cinema brasileiros e da minha história pessoal.