Um auto de fé

Recebi um vídeo de um amigo que trazia a seguinte legenda: “Por mais que tentem, nunca conseguirão tirar isso de nós, cariocas!!!“. Bem, de minha parte mantive tranquilidade e zero culpa porque afinal de contas quem tenta acabar com o Rio é o próprio carioca, basta vermos o que jorra nos quatro noticiários diários de uma das emissoras de televisão. Citar violência urbana e corrupção é o mínimo entre os “atrativos” cotidianos.
O vídeo mostrava um gari varrendo e dançando no brilho ensolarado ao som de uma música do Djavan executada por um músico de rua ao saxofone. Duas réplicas nacionais dignas de um Sammy Davis Jr. e um John Coltrane, somados. Geniais. E como não sou de ficar calado, não me contive – ímpeto bem gauchesco – e tasquei uma resposta nada poética:
” – Mesmo chafurdando na e com merda até a cabeça o carioca não perde o tino!!”.
Nesse quesito não é apenas o nordestino que é “…antes de tudo um forte”.
Reconheço a minha verticalidade quanto ao fato pois na verdade, o gari “surfava” no asfalto em sua onda de liberdade e felicidade. E o fundo musical, reconheçamos, era de muito bom gosto. E apesar do gauchês da minha emoção me enterneci tanto quando vejo (pela milionésima vez) o Gene Kelly em seu clássico solo dançando “I’m singing in the rain”. Aplaudo sim, o feliz gari liberdade individual, é sinônimo de felicidade. Let’s dance!!!! Esse gari é o exemplo bem acabado de nosso bravo povo brasileiro “que não tem medo de fumaça e não se entrega, não” como reza outra canção de resistência.Tenho fé que um dia seremos uma grande nação e que os garis dançantes se reproduzam e sejam a metáfora do futuro que necessitamos. Allons dancer!!!