O Grande Intervalo, dedicado a Gregor Schneider

O grande intervalo

dedicado a Gregor Schneider

 

Um resto que surge no meio do espaço limpo. A morte é assim: está a mais no percurso de quem existe.

Ninguém é educado para dar atenção aos vestígios, a não ser os detectives e certos poetas que têm como qualidade única (e basta) esta: a de abrirem mais os olhos quando os outros os fecham.

Estar diante do sol que faz mal aos olhos e do vestígio que é o seu inverso – porque é símbolo do apagamento, da coisa que foi escurecida – tais situações podem exigir, por vezes, atitudes semelhantes. Olho de frente para o sol e para os vestígios – e a inteligência trabalha.

O corpo morto que está caído pode não estar morto. Talvez seja apenas um intervalo.

Gonçalo M. Tavares

 

GONÇALO M. TAVARES escreve sobre GREGOR SCHNEIDER em Dicionário de Artistas > textos sobre artistas contemporâneos nas plataformas digitais do Centro Cultural de Belém. Este é o episódio #44. Todas as quartas-feiras, o CCB disponibiliza um texto inédito de Gonçalo M. Tavares sobre artistas contemporâneos, com leitura de Ana Zanatti.

Para ler em www.ccb.pt e ouvir no spotify do CCB