A coreógrafa Hélène Blackburn deu um passo fora do vulgar e usou a deficiência auditiva de Cai Glover como ponto de partida para a sua nova criação. Percebendo, experimentando e compreendendo.
Conhecida pela sua dança eloquente, a companhia Cas Public acolhe um performer atípico, Cai Glover, que superou uma deficiência auditiva e se tornou um bailarino profissional.
Os nossos sentidos permitem-nos apreender o mundo à nossa volta. Esta condição essencial é como uma janela para aquilo que está fora de nós; sem ela somos iludidos. Como é possível captar a grandeza monumental da 9.ª Sinfonia – uma das obras-primas do repertório clássico – se, como Beethoven, a nossa audição é prejudicada? O espetáculo 9 tornou este desafio numa viagem ousada e cheia de sensações. Em coprodução com o teatro Kopergietery, o trabalho foi desenvolvido para atrair todas as gerações, quebrando os limites do silêncio de forma a superar as diferenças e transformar o corpo em linguagem.
Fundada em 1989 pela coreógrafa Hélène Blackburn, a companhia Cas Public é um grande nome no contexto atual da dança contemporânea, com um repertório de vinte obras, metade das quais direcionadas para os públicos jovens.
A Cas Public tem uma propensão para encontros inusitados entre o ballet, a dança contemporânea e a dança urbana; entre a música clássica ou ópera e os efeitos sonoros produzidos por um DJ; entre linguagens cénicas e linguagens cinematográficas; entre linguagem gestual e a dança como ato de linguagem. Com base nos clássicos do repertório ocidental e nos contos, lendas e mitos que compõem a tradição oral, as suas obras abordam os grandes enigmas da existência humana — o amor, a morte, a identidade, o medo do outro — e analisam de forma cuidada e penetrante as partes mais reluzentes e negras da humanidade.
A Cas Public tem uma missão: criar obras de alta qualidade para o público com um estilo de dança acessível e inclusivo. A infância abraça a idade adulta, e vice-versa, numa atmosfera mágica incutida por espetáculos que, como as bonecas russas, revelam camada por camada o poder evocativo e empático do corpo dançante.
O Kopergietery é um espaço criativo para jovens, com especial atenção ao teatro, dança e música. Uma casa onde crianças e jovens são confrontados com a arte. Uma casa onde artistas e crianças criam em conjunto e se inspiram. Uma casa que realiza espetáculos, convida artistas e organiza oficinas de teatro.
O diretor artístico Johan De Smet e toda a equipa optaram resolutamente por seguir a linha de interação entre continuidade e inovação. Criadores idiossincráticos de todas as idades criam e apresentam produções, o que resulta numa dinâmica artística especial. A busca pela autenticidade e por uma verdadeira afinidade/interesse pelas crianças e jovens adultos é a cola que une este grupo de criadores.
As crianças são vistas como a fonte, a força motriz, o solo sob toda a arte. As crianças são aceites como são, mas também pelo que podem ser. As crianças são instigadas a tornarem-se seres humanos criativos e tolerantes que aprendem a pensar por si mesmas através da arte.
A abordagem geral do Kopergietery transformou-o numa casa criativa e em digressão que está profundamente inserida na sua própria cidade, que investe continuamente em novos criadores e que conta com uma extensa rede internacional.
9 (Neuf)
Cas Public & Kopergietery
CCB . 3, 4 e 5 junho . Pequeno Auditório
Sexta: 11h00 e 14h30 // Sábado: 19h00 e 21h00 // Domingo: 11h30