Lisboa Soa 2023: Um festival de arte sonora que explora o som como forma de expressão e comunicação

O Lisboa Soa 2023 é um festival de arte sonora que se inspira em espaços públicos que são ecologicamente conscientes, socialmente justos e inclusivos. O festival vai decorrer de 24 a 27 de agosto no Quartel Largo Cabeço de Bola e nas Carpintarias de São Lázaro, em Lisboa.

O festival vai contar com uma programação diversa de instalações sonoras, performances e workshops. A abertura, com visita guiada às instalações sonoras na presença dos artistas, começa pelas 17h. No mesmo dia, Microexplosive Road | Vincent Martial (FR) e Gwendolin Robin (BE),  realizam performance e às 21h30, acontece a inauguração da exposição de Rudolfo Quintas, Darkless – A journey of Acoustic Embodiment.

Microexplosive Road (Divulgação)

Stefanie Egedy proporciona numa instalação sonora, à qual ninguém vai ficar indiferente, o convidado sentirá o toque invisível do som, uma “experiência vibracional”, muito utilizada como efeitos terapêuticos (relaxamento, redução do stress e da ansiedade) do som de baixa frequência e dos subwoofers.

O francês Vincent Martial trará uma forma diferente de compor música utilizando velas e matéria em combustão. Flores, madeira, sal e uma multiplicidade de materiais são bloqueados em camadas na cera para produzirem o seu som de forma temporal através do efeito do fogo. As instalações sonoras convidam os visitantes a explorar o espaço e a ouvir a cidade de uma nova maneira.

Neste mesmo espaço, Cláudia Guerreiro apresentará uma instalação audiovisual em colaboração com Rui Carvalho (Filho da Mãe): um desenho em movimento que é uma escavação em tempo real que procura a luz, construindo e desconstruindo, escavando como se de uma gruta se tratasse. 

Marta Zapparoli apresenta a instalação e performance Interdimensional Generated Space, a partir de antenas que captam a rede invisível de comunicação sem fios e de alta frequência que atravessa o nosso corpo no dia a dia. Estas ondas de rádio são a representação do “Outro que-não-o-humano” e uma porta aberta para a consciência da multiplicidade do nosso ambiente urbano.

Marta Zapparoli (Foto: Anke Phoebe Peters – Divulgação)

As performances vão desafiar os sentidos e a imaginação dos visitantes. O artista libanês Tarek Atoui apresenta uma performance a solo que reúne material sonoro étnico variado e sons eletrónicos sintetizados com o seu próprio software e interfaces.

Durante esta performance, materiais e corpos expressam-se mutuamente até que todos os limites geográficos, temporais e físicos entrem em colapso. The Crossing às 23h nas Carpintarias de São Lázaro. Também nas Carpintarias de São Lázaro, Rudolfo Quintas apresenta a exposição Darkless – A journey of Acoustic Embodiment, onde reúne, pela primeira vez, um conjunto de instalações imersivas e interativas, entre as quais “Black hole” e uma nova versão interactiva e lumínica da obra “Can I Hear You Dance?”, o filme “SONIAL” e o workshop “Blind Sounds”,  permitindo um olhar alargado sobre esta investigação artística em que o artista colabora com pessoas cegas em processos de criação nas artes digitais, envolvendo inteligência artificial e realidade virtual.

Rudolfo Quintas (Foto: Bruno Lopes – Divulgação)

Lula Pena apresenta-se num registo bastante diferente do habitual. A poeta, compositora e artista visual portuguesa desenvolve atualmente um trabalho exploratório intermedia e interespécies. A 27 de Agosto, pelas 19h no Quartel Largo Cabeço de Bola, fará soar a composição sonora abrir o concreto para que o espontâneo brote, e o concreto se escute, um diálogo entre Planta e Humano, em que a artista abraça o terreno da incerteza e o tempo da escuta.

Lula Pena (Divulgação)

Durante esta edição, o festival lança a sua primeira edição discográfica, Sounds Within Sounds, um álbum editado pela label portuense Crónica Eletrónica, que resulta de uma encomenda feita pelo Lisboa Soa a quatro artistas portugueses, que mergulharam no arquivo sonoro do festival e dele criaram novas interpretações e significados.

Os workshops vão ensinar os visitantes sobre a arte sonora e sobre como criar suas próprias obras de arte sonora.
 

PROGRAMAÇÃO PARA TODA A FAMÍLIA
A programação do Lisboa Soa integra workshops para crianças que promovem um universo experimental e de sensibilização, nas relações entre os temas da ecologia, o lado plástico da manualidade e os exercícios de escuta e de produção sonora.

Nos dias 26 e 27 de agosto entre as 14h30 e as 16h, Angela Martin, Nuno Torres e Tiago Fernandes da Musgo Azul convidam os mais novos a participar na Oficina de Gambozinos (sábado) e Bombas de Sementes (domingo). O Programa Educativo inclui também workshops sobre som e escuta performativa, corpo e baixas frequências, música interativa, canto improvisado e caminhadas multissensoriais. A entrada é livre mas limitada à lotação de cada oficina, pelo que é necessária inscrição através do email do festival.

Bombas de sementes

Lisboa Soa, um festival de arte sonora, ecologia e cultura auditiva, que procura valorizar a criação artística contemporânea atribuindo-lhe um contexto social e ecológico, de intervenção direta no espaço e fomentando a participação de diferentes públicos através da fruição de instalações e performances sonoras, da participação em oficinas de educação auditiva, de encontros e caminhadas focadas no sentido da audição.

Esta edição do Lisboa Soa parte da ideia de Multipli.Cidades, procurando destacar a importância de abraçar as diferenças e promover a coexistência entre comunidades, humanas e não humanas, dentro dos espaços urbanos.