Companhia Paulo Ribeiro apresenta a mais recente criação SEGUNDA 2

Com coreografia, direção artística e montagem sonora de Paulo Ribeiro, interpretação de Ana Jezabel, Ana Moreno, Catarina Keil, Margarida Belo Costa, Pedro Matias, Sara Garcia e Valter Fernandes, o Centro Cultural de Belém – CCB recebe nos dias 29 e 30 outubro, pelas 21h, no Pequeno Auditório, a Companhia Paulo Ribeiro.

 

SEGUNDA 2

Há vinte e seis anos criei a primeira peça da Companhia Paulo Ribeiro: Sábado 2. Foram tempos em que acreditei e acreditámos que tudo seria possível. O mundo prometia abertura, a Europa consolidava um projecto comum e Portugal estava empenhado em tornar-se maior. De sábado a segunda passou um fim-de-semana e um quarto de século. Foi belo, foi intenso e, sobretudo, permiti tornar sonhos em realidade. O momento actual obriga a algum balanço. Às vezes, à força de fazer, há um olhar que se pode perder num tempo que nos ultrapassa.

SEGUNDA 2

Segunda 2 parece-me ser a lógica continuação de um projecto que é obrigatoriamente de autor e que surge do imperativo de voltarmos todos a uma suposta normalidade. Um trabalho individual com o foco no colectivo. É o início da semana, o momento propício para produzir e ir em frente. Aprendemos todos muito com os tempos que a nível global fomos obrigados a (ultra)passar. Voltamos a projectos âncora, voltamos com vontade de fazer melhor, voltamos com a dimensão do sonho e a vontade de recuperar o tempo que ficou para trás. Voltamos com a imensa vontade de voltar a estar próximos, de celebrar a vida, de reencontrar a festa.

 

SEGUNDA 2

É uma coreografia que se desafia a si própria, que se coloca no limiar da falha que será sempre uma aliada e não uma adversária. Uma peça que convoca algumas memórias de tantas outras e que, nos seus percursos secretos, se inspira em muito daquilo que os tempos nos têm dado. Não olhamos para a falha como obstrução, assim como não olhamos para todos os sonhos desfeitos, os impasses que teimam em ser condição de vida, as dinâmicas culturais, tantas vezes inconclusivas, a tentativa vã de fixar e construir.

A dança continua num lugar confinado, mas isso não nos interessa, na próxima segunda tudo vai mudar, se não for na próxima será na outra, ou na seguinte, e para isso acontecer, vamos continua a desafiarmo-nos, a brincar, a provocar e exorcizar a falha. Vamos ser singulares e colectivos. Vamos reencontrar a festa. Vamos reencontrar o corpo. Vamos continuar a dançar.

 Paulo Ribeiro
(o autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico)

 

Companhia Paulo Ribeiro
Criada em 1995, a Companhia Paulo Ribeiro é uma companhia portuguesa de dança
contemporânea, com um repertório próprio de peças, maioritariamente criado por
Paulo Ribeiro (tendo recebido vários prémios nacionais e internacionais); mas também
por outros criadores convidados. Estrutura residente no Teatro Viriato desde 1998, é a
partir daí que desenvolve a sua atividade de pesquisa, de criação, de produção, de
difusão e de formação em dança contemporânea.
A par da implementação do projeto artístico do Teatro Viriato em 1998, em 2005 a
Companhia Paulo Ribeiro foi também responsável pela criação da escola de dança
Lugar Presente (Viseu) com Ensino Artístico especializado em dança.
Com um repertório de mais de 30 produções, a Companhia Paulo Ribeiro é uma das
mais reconhecidas companhias de dança contemporânea portuguesas.
Além dos principais eixos de atividade, a Companhia Paulo Ribeiro tem ainda
promovido a edição. Em 2005, foi lançado o livro Corpo de Cordas, da autoria de
Cláudia Galhós, uma edição comemorativa dos 10 anos de existência da Companhia; e
em 2015 foi a vez de Uma Coisa Concreta, um livro coordenado por Tiago Bartolomeu
Costa, que reúne um conjunto de textos de Isabel Lucas, Luísa Roubaud, Maria de
Assis, Mónica Guerreiro e Paula Varanda.