Os filmes são projetados, apresentados e debatidos todas as segundas de julho a setembro, com entrada livre
A Casa da Achada – Centro Mário Dionísio promove ciclo de cinema ao ar livre, com o tema “Espaços que não têm lugar“, sempre às 21h30 de todas as segundas-feiras dos meses de julho a setembro, com entrada livre. Após a projeção e apresentação do filme é aberto espaço para debate sobre o filme exibido.
Bem diversificado, o programa conta com filmes de cineastas de várias partes do mundo, inclusive de Portugal. O filme “Treblinka“, do cineasta português Sérgio Tréfaut, eleito o melhor filme português do Indie Lisboa de 2016, será exibido em agosto. Ótima oportunidade para assistir, caso ainda não o tenha.
Nesta segunda (22), o filme a ser exibido é “O anjo exterminador“, do cineasta espanhol Luis Buñuel, considerado pelo New York Times como um dos mil melhores filmes do mundo. Com influências do surrealismo, Buñuel despe a sociedade aristocrata, em que ricos personagens se vêem presos numa das salas de uma mansão após um jantar formal. Não há nada físico que os impeça de sair, porém algo os faz refém de portas e grades imaginárias.
Com o decorrer dos dias, as convenções sociais vão caindo, as barreiras imaginárias permanecem, e as mascaras desprendem-se de cada personagem, aflorando os mais primitivos instintos: o improviso de um banheiro, desejos sexuais reprimidos, a fome, a sede e até mesmo a morte.
A crítica à Igreja, como sempre em Buñuel, está presente em diversos momentos, como com os cordeiros que passeiam pela mansão e são devorados pelas pessoas presas.

Cinema ao ar livre em Lisboa
Espaços que não têm lugar
Se todo o mundo é composto de mudança, os espaços que percorremos, que fazem parte das nossas vidas e quotidianos, não são excepção. Mudam com os usos que lhes damos, com a ocupação colectiva ou o abandono do dia-a-dia, e mudam devido aos interesses económicos daqueles que mandam e querem rentabilizar os espaços, estejam vazios ou cheios de vida.
Com este ciclo de cinema queremos interrogar os conceitos de espaço e de lugar, a partir de filmes com diferentes perspectivas. Queremos pensar os espaços que já não têm lugar – como uma mercearia engolida por um arranha-céus ou um buraco escavado no centro de Paris, para dar lugar a uma enorme estação de metro, mas que é aproveitado como cenário de um Western.
São espaços que podem ser imaginários ou reais, em construção ou em contínua desconstrução, que perderam o seu lugar nas nossas cidades, bairros e também nas nossas vidas. No cinema, entretanto, os espaços que não têm lugar vão vivendo de outra maneira, por novos caminhos, e guardados na nossa memória.
E, assim, também podemos pensar que outros espaços queremos criar, dar novos significados e dar-lhes outros lugares.