O Mercado da Arte em tempos de Coronavírus

Estamos sendo testemunhas oculares das mudanças que o Covid-19 está a trazer no cotidiano da maioria das pessoas ao redor do globo. Este reflexo ocorre também na arte, uma vez que o mercado e os artistas vêm sofrendo os impactos destas mudanças e tendo que se adaptar a esta nova realidade.

Manhattan, centro do mercado das artes, mostra que o coronavírus também impactou nas grandes galerias e ateliês. O Metropolitan Museum foi quem puxou a fila, ao anunciar a decisão de fechar suas portas temporariamente. Como um efeito dominó, grandes galerias e museus seguiram o mesmo caminho. A solução para esta aparente paralisia do mercado das artes já vem há algum tempo a consolidar-se e a mostrar grande potencial. São elas as exposições e vendas pela internet. Uma tendência que está a sair do nicho de arte com preços mais acessíveis, para o alto escalão das grandes galerias, museus e casas de leilões que negociam milhões de dólares em obras de arte.

A badalada feira de arte Art Basel, pela primeira vez, vai utilizar o universo online para substituir a sua edição em Hong Kong. Os mais de 230 artistas, galeristas, curadores e negociantes estarão a apresentar cerca de 2.000 peças na versão virtual da feira. Um valor estimado de US $ 270 milhões, incluindo 70 itens acima de US $ 1 milhão. A adesão a versão online da Art Basel obteve 95% dos participantes da feira.  O responsável pela exposição online será o curador e negociador de arte David Zwirner. Zwirner viu o potencial do universo digital para o mercado das artes e vem desde 2017 a especializar-se no desenvolvimento de exposições virtuais. Foram mais de 50 salas de exibição nos últimos três anos, com aumento de 400% em vendas online em 2019. Com a situação actual da pandemia do Covid-19, esta tendência deve ter um crescimento exponencial.

Assim seguimos em tempos de coronavírus, em quarentena, mas com a arte a se adaptar ao momento em que vive nosso planeta. O universo online é uma opção essencial para promoção e comercialização da arte, e agora é uma necessidade para compensar a distância em que estamos a viver, temporariamente espero eu.

Cuidem-se, fiquem em casa se puderem. Desejo força à todos os profissionais que estão na linha de frente no combate a esta epidemia, e conclamo a todos os artistas fazermos o que melhor sabemos fazer: arte.

 

Art Basel Hong Kong – Acesso as salas virtuais

 

Coluna – Marco Monteiro 

Marco Monteiro, brasileiro, Natal, RN, Brasil, 1975. Artista, designer, arqueólogo, escritor e pesquisador, autor do livro didático “Artes Visuais – 2º Período” (História da Arte – Editora Geração Digital – Brasil – 2013) co-editor do “Arte351 Magazine” e Doutorando em Teoria e História da Arte pela Universidade Nova de Lisboa. www.mmonteiro.com