Numa certa manhã recebo um telefonema bem educado:
– Bom dia tio. Tudo bem? Preciso do seu endereço.
Ok. Passei a informação sem maiores delongas, falamos mais um pouco, ele disse que saíra de São Paulo e estava morando com a mulher em Florianópolis. Após desejarmos como na canção mútuos “abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim” nos despedimos. Era o Carlinhos. Filho da minha amiga Martha Helena e do Chaminé (o músico).
Mas no meio de todo o papo ele saiu-se assim:
“- Nunca esqueci aquela exposição na sua galeria”.
Fiz uma viagem espacial e antevi o Carlinhos com sete anos correndo pelo vernissage com as demais endiabradas criancinhas na exposição temática “A criança”. Uma mostra que hoje classifico como um luxo pois trazia no catálogo um esplêndido texto assinado pelo saudoso Moacyr Scliar.
Era o Ano Internacional da Criança e eu homenageava – com uma reprodução de trabalho na capa do discreto catálogo/convite a grande Alice Soares – e nominava todas as crianças que eram filhos de amigos. Trinta e sete anos depois, duas dessas ex-crianças são artistas, vivem e trabalham em São Paulo: Cris Rocha e Carlos Dias.
E dizer que ainda lembro da crítica ácida feita por um jornalista amigo acusando-me de fazer exposição “para criancinhas ricas”. Essa “crítica” carrega um erro histórico porque me relacionava e homenageava crianças filhas de amigos mas de amigos e filhos de variado extrato social.
Essa imagem agora reproduzida é do hoje conhecido Carlos Dias, fruto daquele telefonema.
Valeu!!!
