No dia 21 de novembro, abre ao público a exposição “Sublimação das Memórias”, que reúne três artistas, antigos alunos da Escola Artística António Arroio, cujas trajetórias se entrelaçam pela paixão comum pela arte. Esta mostra é uma celebração não só das suas obras, mas também da eterna necessidade humana de criar, uma jornada que transcende o tempo e as dificuldades da vida.
António Jorge Ribeiro, Jorge Rebelo e Luis Fernando Graça se uniram para partilhar com o público um pedaço de suas memórias e experiências vividas, fundindo-as em obras de arte que vão do realismo ao surrealismo, passando por diferentes linguagens e formas criativas. Eles acreditam que o artista nunca se aposenta: a necessidade de criar, de materializar a imaginação e de transformar ideias em arte, é um impulso que permanece até o fim.
“Sublimação das Memórias” é uma exposição que, para além das obras de cada artista, oferece um espaço de reflexão sobre o papel da arte no contexto da sociedade. A exposição aborda a reflexão profunda sobre a realidade, questionando a “racionalidade” imposta por uma sociedade em que a arte é muitas vezes vista como algo supérfluo e desnecessário. Como frisou o filósofo Friedrich Nietzsche, “A arte existe para que a realidade não nos destrua”. As obras de António Jorge Ribeiro, Jorge Rebelo e Luis Fernando Graça são, portanto, um antídoto contra a tirania da realidade.
O Legado de três artistas incontornáveis
Os três artistas desta exposição têm percursos distintos, mas todos possuem um vínculo comum com a Escola António Arroio e uma paixão incansável pela arte.
- António Jorge Ribeiro (nascido em 1946) iniciou sua carreira artística nos anos 60, com o trabalho em esmalte sobre cobre e, mais tarde, desenvolveu uma linha de puxadores e carros de hotelaria, peças que uniam metal e madeira com um esmalte decorativo único. Após se reformar da Câmara Municipal de Lisboa, passou a coordenar exposições de ex-alunos e professores da Escola António Arroio, com destaque para as exposições em Sintra e Sesimbra. Sua carreira é marcada pela dedicação à arte e pela constante busca pela inovação e expressão criativa.
- Jorge Rebelo, nascido em 1952, passou por uma vasta formação na Escola António Arroio e trabalhou ao lado do pintor Augusto Bertholo. Com mais de 40 anos de carreira, Rebelo se dedicou ao realismo e surrealismo, realizando pinturas de grande dimensão e explorando diferentes técnicas ao longo de sua trajetória. Sua obra reflete a evolução da arte publicitária e a sua experiência no restauro de obras e na criação de cenários, mas é na pintura de quadros a óleo e acrílico que ele encontrou seu verdadeiro meio de expressão.
- Luis Fernando Graça, nascido em 1964 no Bairro Alto, Lisboa, desde muito jovem se envolveu com a arte, observando o trabalho de artistas como Abílio Belo Marques. A sua carreira foi marcada por sua abordagem única e pela organização de eventos artísticos. Em 2017, devido a uma doença neurodegenerativa (Esclerose Lateral Primária), ele teve de adaptar sua forma de criar. Usando um tablet e uma caneta Touch aplicada no chapéu, continuou a pintar digitalmente, desafiando os limites impostos pela doença. Sua filosofia artística, inspirada por Nietzsche, revela-se no seu trabalho como uma tentativa de transcender as limitações da realidade através da arte.
Apontamento musical e reflexão filosófica
Para além das obras, a exposição contará com um apontamento musical do artista José Augusto Coelho, que complementará a experiência sensorial e intelectual proporcionada pelas obras. As reflexões filosóficas que acompanham a exposição convidam os visitantes a questionar a arte como um reflexo da memória e da experiência humana, um processo de “sublimação” que transforma as memórias e emoções em expressões visuais que ganham vida no espaço da galeria.
A arte como testemunho do tempo
A “Sublimação das Memórias” é uma oportunidade única de testemunhar o trabalho de três artistas que, ao longo de suas vidas, não apenas se dedicaram a criar, mas também a manter viva a chama da arte e da cultura, compartilhando suas experiências com as gerações seguintes. A exposição revela, assim, como a arte transcende o tempo, tornando-se um testemunho das memórias e experiências dos artistas, e ao mesmo tempo, uma reflexão sobre o próprio processo de criação artística e o seu poder transformador.
A exposição estará em exibição a partir do 21 de novembro e é uma homenagem ao trabalho e legado de António Jorge Ribeiro, Jorge Rebelo e Luis Fernando Graça, três figuras centrais na cena artística contemporânea.