A artista Rosa Areias, nascida a 2 de janeiro de 1938, faleceu ontem, 19 de novembro de 2024, deixando um legado profundo e marcante na arte contemporânea portuguesa. Sua carreira abrangeu décadas de dedicação à pintura, desenho e reflexão estética, sendo reconhecida por sua capacidade de explorar e transformar conceitos de espaço e forma em sua obra.
Rosa Areias foi uma participante ativa na cena artística portuguesa e internacional, com destaque para sua exposição virtual “Habemus Artem“, realizada em 2020, um projeto promovido pelo Arte351. A exposição destacou sua habilidade em explorar a interação entre espaço e pintura, conforme revelado em seus trabalhos que transmitiam profundidade, abstração e um senso único de percepção artística. No artigo publicado pelo Arte351 em 2020, Rosa Areias afirmou que “a pintura imita o espaço”, um conceito que permeou sua produção criativa. Esta exposição refletiu não apenas sua técnica apurada, mas também seu olhar crítico sobre o mundo moderno e sua desconstrução da realidade, um tema presente em muitos de seus trabalhos. A artista foi conhecida por sua abordagem única da pintura, abordando a relação entre a matéria e a luz de maneira poética e profunda.
Sobre Rosa Areias
Em suas próprias palavras, Rosa Areias descrevia a arte como uma parte indissociável de sua identidade. Desde a infância, a pintura e o desenho foram fundamentais para seu imaginário, criando mundos feéricos e sincréticos que alimentavam sua percepção da realidade. Em um relato pessoal, a artista explicou que, na parede de sua casa, figuras de esqueletos e criaturas marinhas invertebradas povoavam sua imaginação, moldando sua visão de um universo fragmentado e misterioso. Contudo, a pressão da sociedade a levou a desviar-se do seu caminho artístico por um tempo, sendo convencida de que a fotografia seria o próximo passo “adelante”. Somente mais tarde, desafiando esses limites e preconceitos, Rosa retornou ao seu verdadeiro eu artístico, renovando suas abordagens e explorando novos projetos sem amarras.
Biografia e Carreira
Rosa Areias iniciou sua formação em Ciências Políticas Sociais em 1978, concluindo mais tarde sua licenciatura em Sociologia do Desenvolvimento. Porém, sua verdadeira paixão sempre foi a arte. Desde 1980, começou a desenvolver atividades na área do Ensino e Serviço Social, enquanto simultaneamente se dedicava à pintura e ao desenho. Durante esse período, frequentou cursos na Sociedade de Belas Artes, onde concluiu diversos módulos, incluindo Pintura, Desenho e História da Arte, além de ter participado no Atelier de Gravura com o gravador P. Raposo.
Sua primeira exposição ocorreu em 1998, e desde então, a artista participou de várias exposições individuais e coletivas, incluindo a Bienal de Cerveira, a Bienal Ambien-te de 2002, e o Salão de Sócios da Sociedade Nacional de Belas Artes, onde expôs anualmente. Entre seus projetos mais notáveis estão “Espírito da Matéria”, “Polimorfismos” e “Secret Garden”, que revelaram sua constante busca por novas formas de expressão e sua capacidade de lidar com temas complexos, como a fragilidade humana e o sentido da existência.
O Legado de Rosa Areias
Rosa Areias foi uma artista que, ao longo de sua vida e carreira, se manteve fiel ao seu espírito inquieto e à sua visão única. Sua obra é um reflexo de sua busca constante pela verdade, pela liberdade criativa e pela desconstrução de conceitos estabelecidos. Em sua arte, ela abordou a alienação e a diluição dos espaços contemporâneos, sempre desafiando o espectador a questionar as certezas da modernidade.
Ao longo de sua trajetória, Rosa Areias deixou um vasto legado que continuará a inspirar gerações futuras de artistas e admiradores da arte. Sua passagem por este mundo, embora breve, foi marcada por uma dedicação inabalável à sua arte e uma constante busca por significado no caos da modernidade.
Homenagens e Pêsames
A comunidade artística e os amigos de Rosa Areias prestaram emocionadas homenagens após seu falecimento. Renato Rodyner, em uma publicação dedicada à artista, expressou seu pesar, destacando a importância de Rosa como uma figura essencial na arte contemporânea portuguesa. A ela, muitos prestaram suas últimas palavras de carinho:
- “Vá em paz e que sua passagem rápida aqui na Terra tenha deixado um grande legado.” – Paul Cilva
- “Meus sentimentos. Deus a receba de braços abertos.” – Elizabeth Ribeiro
- “Querida e saudosa amiguinha, fique em paz.” – Luisa Louraço
- “Meu pesar e um sentido abraço.” – Renato Rosa
Adeus Rosa Areias
Rosa Areias não foi apenas uma artista; ela foi uma voz crítica, uma exploradora de novas linguagens e uma pensadora profunda sobre o papel da arte na sociedade. Sua morte deixa um vazio na cena cultural portuguesa, mas seu legado será perpetuado através de suas obras, que continuam a desafiar e inspirar o público.
