Na madrugada de 2 de maio de 2025, a Praça Duque da Terceira, no Cais do Sodré, em Lisboa, amanheceu transformada: o artista português Bordalo II instalou um tabuleiro gigante do jogo Monopoly, intitulado Provoc, como forma de protesto contra a crise habitacional em Portugal.
Uma Intervenção com Propósito Social.
A obra, composta por uma lona que cobre a praça, simula um tabuleiro de Monopoly com casas nomeadas segundo regiões do país, com valores entre 6 mil e 40 mil euros. A crítica recai sobre a especulação imobiliária e a falta de acesso à habitação. “O direito à habitação é tipo jogo. As nossas cidades estão a ser convertidas em grandes tabuleiros. O direito à habitação, presente na Constituição, está agora à mercê da sorte ou do azar”, afirmou Bordalo II (RTP).
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Arte e Ativismo
Artur Bordalo, ou Bordalo II, nasceu em Lisboa em 1987. É neto do pintor Real Bordalo e adotou o nome artístico em sua homenagem. Reconhecido internacionalmente pelas esculturas de animais feitas com lixo reciclado, Bordalo II transforma resíduos em crítica visual, abordando temas como consumismo, poluição e desigualdade.

A Crise Habitacional em Portugal
Desde 2017, Portugal enfrenta uma subida expressiva nos preços de imóveis e rendas. A escassez de habitação acessível agrava desigualdades, aumenta o número de pessoas sem-abrigo e força muitos a viverem em condições precárias. Embora o governo tenha aprovado um pacote de 2 mil milhões de euros para construir 33 mil casas até 2030, especialistas consideram as medidas insuficientes.
Reações e Impacto
A intervenção foi amplamente comentada. Muitos elogiaram a criatividade e o impacto visual da obra. Já a Câmara de Lisboa classificou a ação como um “atentado” e retirou a instalação. Ainda assim, Provoc cumpre seu papel: provocar o debate público sobre o futuro das cidades e o direito à habitação.