Corpo de Mulher: vivido/sentido/despido, de Cláudia Ferro é inaugurada

Obras de Cláudia Ferro são um suporte às mulheres que sofrem em relacionamentos abusivos ou que necessitam libertação das amarras sociais.

Arte e ativismo sempre andaram de mãos dadas. É inegável no momento em que vivemos, que a arte deve, mais do que nunca, exaltar seu lado ativista e se engajar na busca por um mundo melhor e mais justo. As obras de Cláudia Ferro vão além do ativismo, incluem elementos da psique e toda a estrutura patriarcal e repressiva que impõem verdadeiras algemas às mulheres, entretanto “(…) foca não apenas a questão da ilicitude do comportamento masculino violento e as suas sequelas na vítima mulher, sejam elas físicas, psicológicas, sociais e/ou legais. Pretende apreender e revelar como esse Corpo de Mulher, enquanto identidade pessoal, lida, reage e se reorganiza perante um ato agressivo que lhe é dirigido.” disse a artista. 

claudia ferro exposição virtual

Na exposição Corpo de Mulher – vivido/sentido/despido, a inaugurar nesta sexta (30) de outubro, a artista portuguesa traz vinte obras que abordam as mulheres, suas posições sociais e pessoais, a construir um olhar que denuncia a cultura repressiva que existe contra elas. A ideia para a exposição de Cláudia Ferro tem uma proximidade com a realidade mexicana,

Esta coleção surgiu da possibilidade de um trabalho mais vasto com um fotojornalista mexicano, Francisco Elias Prada Perez, acerca da violência de género, incluindo o feminicídio, realidade muito premente e dramática no México.” explicou a artista.

Licenciada em Psicologia Clínica pela Universidade de Coimbra, com formação e experiência na área da Psicologia Clínica e Forense, Cláudia Ferro é uma artista autodidacta, com um trabalho repleto de emoção e de sensibilidade. Segundo a artista, a exposição  Corpo de Mulher – vivido/sentido/despido surgiu no contexto da abordagem artística da violência de género, realidade com a qual Cláudia Ferro lida há vários anos, a nível académico e profissional, na área da psicologia e da justiça.

Na mostra virtual apresentada, no âmbito do projeto Habemus Artem, a artista utiliza carvão e tinta acrílica sobre tela ou papel para criar uma narrativa que contrasta traços leves e delicados, com densidade e emoção. “Meu trabalho assume uma perspectiva de busca do belo por meio da representação do corpo, como elemento expressivo e repositório de significados, experiências, prazeres, afetos, memórias.” disse a artista. 

Como centro da narrativa, a figura feminina também se conecta ao masculino em personagens que ganham vida e refletem sentimentos duais As obras são dominadas por figuras femininas de grandes olhos que simultaneamente questionam e observam, que refletem o que está dentro e o que se encontra fora. O masculino tem surgido como elemento ligado ao feminino, a sua presença representa o ‘relacional’, a partilha de emoções e afetos, numa perspetiva de amor, paixão, deleite, complementariedade e cumplicidade.” explica Cláudia Ferro.

O momento atual, por conta do confinamento, trouxe um aumento nos casos de violência contra a mulher a nível global. Trabalhos como os de Cláudia Ferro são um suporte às mulheres que sofrem em relacionamentos abusivos ou que necessitam libertação das amarras sociais. Com o meu trabalho pretendo atingir um grau de poesia visual, recriada pelo observador.” ressaltou Cláudia Ferro. Independente dos corações e mentes que serão tocados, seja por identificação ou por colaboração com a causa, a exposição Corpo de Mulher – vivido/sentido/despido alcança seus objetivos ao unir belas obras a uma causa justa e relevante. 

“Os novos trabalhos sobre carvão sobre papel mantém a temática do corpo da mulher, extremamente ligado à sua alma, ao seu mundo emocional, afetivo e relacional. É uma perspectiva mais instrutiva, com maior sutileza, e que lida com o sofrimento afetivo, gratificando o compartilhamento afetivo e o “empoderamento” feminino em busca de seu bem-estar emocional e respeito ao seu corpo e dignidade.” (Cláudia Ferro)

Corpo de Mulher – vivido/sentido/despido, de Cláudia Ferro

De 30 de outubro a 30 de dezembro

Inauguração: 30 de outubro, às 19h

cláudia ferro

O que está a esperar? Acessa agora a página Habemus Artem do Arte 351 ou rrodynergallery.com, e visita a exposição virtual Corpo de Mulher – vivido/sentido/despido de Cláudia Ferro.