O BOCA DE OURO (2020), De Daniel Filho, com Marcos Palmeira e Fernanda Vasconcellos, Mallu Mader.
Esta é a 3a adaptação para o Cinema da obra homônima de Nelson Rodrigues. A versão do Mestre Nelson Pereira dos Santos (1960) inaugurou uma estética que antecedeu o Tropicalismo e autorizou os cineastas autorais brasileiros a reverem seus preconceitos ideológicos e identificarem na obra do nosso maior dramaturgo um olhar sobre a nossa Sociedade mais do que crítico, e revolucionário.
Sob o ponto de vista moral e de classe. E fez um filme moderno e divisor, em sua obra e no cinema brasileiro. A 2a versão, de Walter Avancini, é apenas a tentativa de realizar um filme de grande bilheteria, que não atinge esse objetivo. Caricatural e pasteurizado. Esta agora, nas mãos de um comprovado e experiente Diretor, longe de cacoetes formais preocupados em classificarem-na como um “faut genre”, que se autoproclama contemporâneo , se apoia num texto originalmente escrito para o teatro e imprime um acelerado ritmo narrativo, dinamizando-o, e exibindo uma sanguinolenta violência característica da Pós-Modernidade, que desde os necessários filmes de Sam Peckinpah não se via.
Direção de atores, mis-en-scene criativa regida por uma espécie de coreografia do elenco ( e que elenco !) em comunhão com os movimentos de câmera, Fotografia, tudo numa harmonia que é a marca do bom Cinema.
No Canal Brasil. IMPERDÍVEL!